Ideias para Debate

Thursday, July 21, 2005

Espírito de Mudança

O blog anda muito " espiritual". Depois do Espírito do Deixa Andar e do Espíreito da Preguiça aparece agora o Espírito da Mudança, pela mão do Nelson Maximiano:



O espirito de mudança

Tenho lido quando posso e com bastante interesse as intervenções nesse blog que
você criou caro e respeitavel Machado da Graça. Desde intervenções que advogam
um ambiente de mudanças, os vícios até aos espíritos e suas respectivas
interpretações.

De todo este processo pensado e reproduzido pelos meus compatriotas em forma de
escrita (por sinal bem afinada) retiro uma deixa para o argumento de fundo
desta curta intervenção. Para o bem ou para o mal estamos perante um ambiente
de mudanças, ou, se quisermos, um espírito de mudanças.
Um espírito de mudanças não num sentido sobrenatural mas sim originário de uma mudança na estrutura e forma de governação em Moçambique.
Se fizermos uma observação atenta verificaremos que há um esforço de mudança.
Esta palavra mudança recordemo-nos foi introduzida pela direcção da própria estrutura ou organismo político que vigora actualmente. Dentro deste organismo se comoeçou a falar em mudança,dentro do mesmo se começou a propalar a ideia de mudança que rapidamente se espalhou durante o processo democrático que levou a eleição do actual Presidente da República que, repisando na tecla da mudança, estruturou um governo algo inesperado.
Mas por ventura mais inesperado ainda tem sido o vendaval de
mudanças que estes novos líderes (e não necessariamente líderes novos) tem
implementado. E digo vendaval porque em vários momentos têm sido mudanças
bruscas.

Mas o mais interessante de olhar e discutir é o não necessário sucesso que um
processo de mudanças pode trazer, e se olharmos com atenção em vários países
sub-desenvolvidos a ideia de mudança ou os esforços no sentido de efectivar um
conjunto de mudanças tem fracassado. Não quer isto dizer que vá fracassar o
ainda emergente processo de mudanças em Moçambique. Mas o ponto que pretendo
levantar é que o fracasso ou sucesso do processo de mudanças que implementamos
depende da gestão que fazemos dessas mudanças. Mudanças bem geridas são
mudanças bem sucedidas. Há uma extrema complexidade ligada à logística, aos
recursos e ao desgaste que traz este processo de mudanças (que quase sempre é
doloroso).

Em palavras simples “mudar dói”.

O problema da mudança não está em geral na planificação da mudança, o grande
problema é garantir uma boa execução da mudança. Quanto melhor gerida a mudança
maior o controle sobre esta e maior a capacidade de ir corrigindo e melhorando o
processo de execução desta mudança.

Apoiemo-nos na história, processos de mudança bem sucedidos como o exemplo dos
tigres asiáticos, etc foram em geral processos discretos, pouco propalados. O
ponto é que, quanto menos discreto for o processo de mudanças, maiores as
dificuldades de gestão dessas mudanças.

Um dos pontos básicos da mudança é o espírito. O espírito de mudança. A forma
como pretendemos mudar, os custos e benefícios dessas mudanças têm de estar
profundamente claras para todos os agentes sociais. Porque temos de mudar? O
que a gente ganha?

O espírito de mudança está profundamente ligado com a divulgação, não no sentido de popularização ou até mesmo temorização mas no sentido de busca de união. Porquê divulgar? A ideia aqui tem a ver com o contacto com a base. Se reparamos com atenção veroficaremos que a ideia de contacto com a base está profundamente patente no processo de mudanças que ocorre em Moçambique. O povo quer mudanças.
Mas o facto de o povo querer mudanças não significa que as mesmas devam ser popularizadas, isto é não se revela necessário tornar popular qualquer medida tomada para mostrar que existe um processo de mudanças.
E é aqui que engrandece o problema da execução.
O desafio que se apresenta aos proponentes do espírito de mudança, com os quais
me identifico e me junto, é melhorar a gestão deste processo de mudanças
actuando basicamente sobre a fase de execução e controle destas mudanças.

Acredito na aposta na divulgação da ideia e necessidade de mudanças assim como
suas causas, custos e benefícios. Não acredito na ideia da popularização das
mudanças no sentido a que acima me referi. Um ponto importante é a aliança com
o povo. Esta apenas pode ser feita (como bem foi pensado) com a diminuição da
distância (burocracia) entre quem decide, quem gere e executa e quem
operacionaliza a mudança que se pretende.
É importante ter líderes reconhecidos e aceites pelo povo, mas também é importante que os responsáveis a nível nacional, provincial ou local por estas mudanças tenham alianças entre si e tenham também alianças com quem gere este processo a um nível mais baixo.

E VIVA O ESPÍRITO DE MUDANÇA!

Nelson Maximiano
UCT, Cape Town


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