Ideias para Debate

Thursday, May 05, 2005

Janela

Estou a conseguir uma janela tecnológica nos meus problemas informáticos. Vou aproveitar para meter um texto da Maria de Lurdes Torcato:



Tibana, Macamo, Machado e Langa
Ainda ninguém deu uma resposta satisfatória ao texto-síntese dos casos criminais parados, talvez nas gavetas dos juizes, deste país. Porque pararam êles? Porque a elite com poder, a “geração da revolução” que Tibana apontou, entrou em “acção concertada” ou pelo menos em “consenso tácito” de “(in)acção concertada” para os deixar desvanecer, seguindo o método empírico de esperar que a poeira assente “e depois logo se vê”?.
Mas o Carlos Cardoso não era o único “incómodo”, e até neste blog se insiste em continuar a levantar poeira sobre escândalos não explicados. A elite do poder só pode continuar a evadir e atrasar as respostas, porque o número daqueles que exigem a verdade total sobre assuntos de interesse público, e a prestação de contas por parte dos que foram eleitos para serem responsáveis (responsável responde), não atingiu a chamada massa crítica.
Em 2001, depois de sofrermos a vaga de assassinatos sem culpados que se vissem, perguntei a um conhecido advogado (e figura pública) se achava que teríamos de esperar muito até ver instituido o Estado de Direito em Moçambique. Ele respondeu que o Estado de Direito seria uma realidade quando houvesse pelo menos um milhão de moçambicanos com posses e interesses a salvaguardar, o que só é possível com um Estado de Direito. Não sei se isto corresponde, ou coincide, com o “desenvolvimento” a que alude o Professor Macamo. P Langa não parece estar disposto a aceitar como bom ou justo, ter de se esperar pela chegada do desenvolvimento, assim como um deus ex-machina, para ter instituições a funcionar bem.
O que nos resta fazer como cidadãos comuns? Penso que só nos resta exigir, debater, tentar encontrar saidas viáveis, ser criticamente construtivo e... bom cidadão mas não cidadão acomodado.
Seria idiota passar de lado pelas circunstâncias políticas actuais, ignorando que há coisas a mudar à nossa volta. Há uma nova dinâmica introduzida na governação, há novos actores que não são já a “geração da revolução” embora sendo seus discípulos leais. Tudo isto legitima a esperança de que muitas das nossas actuais inquietações (que não têm só a ver com lei, ordem, justiça no sentido estrito, mas muito com a justiça social) possam chegar a um desfecho.
A mim parece-me importante podermos contar com liberdade de imprensa, mesmo sendo por enquanto instrumento de uma comunicação social sub-desenvolvida. Não é um sinal excelente e espantoso, neste continente e nesta região, que Marcelo Mosse tenha ganho o Prémio Carlos Cardoso com um artigo sobre as posses e interesses do Presidente da República, que o tenha publicado em versão resumida num semanário, e disseminado em versão integral pela Net? Não é também animador que finalmente vá ser feita a auditoria do Banco Austral para o período 1997-2001 - os anos de todos os desmandos – o que pode trazer luz sobre muitas especulações em vias de “teoria da conspiração”?
PS. Peço licença para entrar em diálogo com PL: não atingi porque meteu aquela do sul-africano dominante ser homem, branco, heterosexual...A piada é antiga e posso acrescentar a essas três características que: tem mais de 40 anos (a idade tem vindo a baixar), é de estirpe anglo-saxónica e pertence a uma igreja cristã. Não pontifica só na África do Sul mas no Mundo! Não será todavia por muito tempo já que a Ásia avança pelo nosso horizonte, o que muda as características do dominador!

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