Hoje aqui deixo 3 poemas de José Craveirinha. Foram escritos há 24 anos. Parecem ter sido escritos ontem.
Infelizmente:
TERRA DE CANAÃ
Não, piloto israelita.
Inútil procurares nos incêndios de Beirute
E nos inocentes corpos mutilados pelos estilhaços ardentes
As belas palavras do Cântico dos Cânticos.
E voa mais baixo.
Desce velozmente mais baixo no teu caça-bombardeiro.
Voa mais baixo. Desce ainda mais baixo piloto hebreu.
Desce até Eichman. Voa té ao fundo dos ascos.
Acelera até os motores e as bombas de fósforo
Contigo oscularem sofregamente o chão sagrado.
Foi para este holocausto que sobreviveste
Ao teu genocídio nos tempos da Nazilândia?
Achas que é esta a tua ambicionada Terra de Canaã?
Tu achas que assim ganhas a paz na Terra Prometida?
10/08/82
TÂMARAS AZEDAS DE BEIRUTE
Plaguando a "blitzkrieg" dos seus saudosos tempos nazis
soldados judeus em apropriados dromedários de aço
de nefastas patas blindadas
assolam o Líbano
E MATAM!
Dedico a minha solidariedade aqui mesmo em Maputo.
Sirvo-me da máquina de escrever e da minha insónia
e um sobrevivente palestino na tenda metralhada
oivindo esta mensagem certamente ficará
grato pela minha camaradagem moçambicana
mas não terá nas suas mãos crispadas
nem sequer uma espingarda a mais
contra as semíticas automáticas
do inimigo.
Neste papel estarei quite com a minha consciência
mas as crianças assassinadas terão outra vez vida?
E as tâmaras azedas de granadas deflagrando
serão novamente tâmaras doces
nos desfeitos lares
de Beirute?
10/08/82
REGRESSO AO LÍBANO
Já regressei, meu amor.
No entanto não me perguntes absolutamente nada.
Foi-me impossivel visitar os campos de Jerusalém.
No íntimo sofro a insana ferocidade dos obuses
e nas pupilas embaciadas as alucinações
reflectem as duras notícias
de lágrimas frescas.
Donde venho
sabias que uma simples família palestina
equivale a menos de um misero estilhaço incólume
nas fumegantes ruinas dos ex-prédios daquela cidade libanesa?
E sabias que um único membro da OLP na sua vitoriosa imobilidade Final
vale mil vezes mais do que todos os jactos israelitas
abatidos pelas antiaéreas nos raides a Beirute?
Se não sabias, meu amor
agora fica sabendo a dolorosa parte das notícias frescas
que infelizmente trago nos olhos avermelhados de repulsa.
E quanto aos feridos que não poderão jamais amaldiçoar
a insólita nuvem de pólvora que sobre eles se abate
que sentença de Salomão recaírá sobre o morticinio?
Nunca soube os objectivos da Diáspora nem me interessa
Mas os da OLP garanto que sei.
Alguma vez nos séculos dos séculos foram alegres
as caminhadas do povo eleito nos caminhos do Êxodo?
E os infinitos soluços que endureceram os muros das sinagogas?
Por causa de Beirute o velho Moisés vai oferecer a Yasser Arafat
os vicejantes prados da Palestina e decepcionado com Ronald Reagan
do Monte Sinau transmitirá por telex a Telavive
e ao Pentágono os Dez Mandamentos.
Já regressei meu amor.
Mas não me peças um beijo.
Toda a minha ternura vai inteira para Beirute.
12/08/82
18 Comments:
Bravo Machado. Bem resgatados os poemas. Abraços!
By Mangue, at 8:01 AM
O que estará a acontecer com a palestina sobre a cortina de escombros e fumaça do Líbano (para onde todas as atenções estão viradas)?
By Mangue, at 11:00 AM
Nada! So vemos aquilo que queremos...
Fechamos os olhos e vemos as bombas là longe no Libano,
Abrimos os olhos e nao vemos as necessidades do outro, bem aqui à frente de nós...
a cortina é espessa e o olhar selectivo.
By Anonymous, at 12:56 AM
Caro cogitando,
Até entendo o seu ponto de vista. Mas, para si vai uma lição que aprendi na 6a classe:
- aluno: professor, como se deu a partilha da África?
- professor: a aula hoje é sobre a 1a guerra mundial.
Ou seja, na minha divagação, se assim preferir, está subentendida a referência a este post enviado pelo Machado. Creio que outros virão, em que poderemos exercitar a nossa demagogia intelectual; em que falaremos dos nossos vizinhos, por quem nada fazemos, mas que aqui fingiremos preocupação.
Abraços,
By Mangue, at 5:20 PM
Infelizmente nao é demagogia intelectual, e a sua licçao da 6a classe é prova disto! A sua licçao serve para mim e para os "fazedores de politicas internacionais" ou se preferir para aqueles que decidem onde é que a catastrofe é mais importante e por isto deve ser visivel e mais mediatizada. A partilha de Africa era a "preocupaçao do aluno" , na optica do pofrssor deveria ser relegada para segundo plano, pois a catastrofe era a segunda guerra mundial, o racicionio é valido para Libano e Palestina, abrem-se os jornais e é impressionante as paginas que sao acordadas a esta noticia (certamente merecida) e renvio-o a bola para o seu campo, cadê a palestina, cadê a fome que nao para de crescer, cadê , cadê, cadê, tantas outras coisas que foram relegadas para segundo o plano. Quantas pessoas morrem de fome no mundo inteiro incluido Europa e America, nao quero dizer com isto que os mortos no Libano sejam menos importantes. E o que se estara a passar por traz da cortina de fumo na Palestina, tao perto do Libano e tao longe dos olhos dos midia? Nao, caro Mangue, nao creio que seja demagogia intelectual.
Quanto aos poemas de Craveirinha, estou de acordo consigo, nao poderiam ter sido melhores repescados. Resta-me agradecer-lhe por ter tomado um pouco de seu tempo para responder-me
Saudaçoes cordiais
Paula Lemos
By Anonymous, at 5:23 PM
Concordo com o seu ponto de vista em relação ao bombardeio informacional sobre o conflito Israel-Líbano; com o facto de termos uma liberdade de informação cerceada pelos centros de poder de informação, que transformam-nos em vítimas das mesmas notícias em diferentes estações, canais ou jornais. Concordo que as agendas de discussões saem desse cenário, fazendo com que nada seja “real” fora da mídia. Em outro espaço, até sugeri o filme “11 de Setembro: o filme”, muito interessante nesse sentido. São 11 diretores de diferentes países que têm, cada um deles, 9 minutos e 01 segundo (11/09/01) para mostrar/questionar porquê essa data tem no ataque às torres gêmeas o evento mais importante (e não, por exemplo, as mais de 3.000 crianças mortas de fome no mesmo dia).
Quanto à lição, o professor não faz um juízo de valores dos tópicos, a não ser uma distinção didática, do tipo, amanhã veremos a partilha da África, mas hoje, aprofundemos sobre a 1ª guerra mundial. Aliás, creio que estamos diante de um jogo de espelhos, em que entender a miséria que nos rodeia, passa, necessariamente, pode entender o que acontece do “outro lado”; afinal, a própria partilha da África foi decidida em Berlim pelas potências coloniais da época e que hoje, pode ser que as novas potências queiram estabelecer um novo mapa no MO.
Penso que isso não vem ao caso. Mas, pessoalmente, o que me desperta certo interesse no MO, não é o conflito que opõe Israel e Líbano; Israel e Palestina. Não é conflito que opôs brancos e negros na África do Sul; opôs portugueses e moçambicanos. Senão teremos um desvio de foco e também não perceberíamos as contradições que possam existir dentro de cada grupo; aliás, nada impede que os moçambicanos absorvam os modos coloniais de existência e sejam elesm mesmos coadjuvantes da opressão. Em relação a Israel, por exemplo, eu dizia que o mundo prestou mais atenção nos judeus do que propriamente no “fenômeno auschwitz”. Dizia também que a questão não estava no facto de serem alemãs de um lado e judeus do outro, porque se os judeus estivessem no lugar dos alemãs, provavelmente teriam feito o mesmo (confinamentos, etc.).
Penso que interessa discutir o que subjaze, isto é, a injustiça, a iniqüidade e a miséria humana. Estas sim, são um atentado à condição humana, a qual todos nós pertencemos. Estas, estejam onde estiverem, devem ser denunciadas. Não acha?
Portanto, creio que a saída não seja recusar esse debate (o “midiatizado”). Talvez, sim, aprofundá-lo e, ao mesmo tempo, não reconhecê-lo único. E desta vez, de forma didática apenas (em função da entrada mãe, por assim dizer), a “aula” é sobre o MO – sem juízos de valores.
PS.: não que esteja a dar alguma aula, é só para repetir o professor (aliás, apesar de avanços, creio que não há aulas em blogs).
Grande abraço Paula, fique bem!
By Mangue, at 8:24 PM
Infelizmente deixei passar o filme “11 de Setembro” , falta de tempo, nao se pode fazer tudo. Convehamos o excesso de midiatizaçao, tbem jogou o seu papel. Entretanto tive opurtunidade de ler seu comentario no "Diario de um sociologo" de Carlos Serra, onde sempre que possa vou ter umas aulinhas. “Grosso modo” estou de acordo consigo, acho memo que afinamos pelo mesmo diapasao, minha intençao nao é justamente recusar o debate “mediatizado”, mas sim aprofunda-lo, nao descurando outros debates tao importantes que se estao a passar ao mesmo tempo, utilizando suas palavras é aceitar esse “ debate (o “midiatizado”(...) aprofundá-lo e, ao mesmo tempo, não reconhecê-lo único”. E ao tomarmos esta posiçao nao estamos de forma alguma a desfocalizar o nosso centro de interesse mas, estamos apenas a considerar a imbricaçao dos processos sociais. Noutros termos, é desejavel substituir o paradigma da disjunçao/reduçao/unidimencionalisaçao, pelo paradigma da distinçao /conjunçao, permitindo-nos assim, distinguir sem separar , associar sem identificar ou reduzir. Exemplo, aprofundando a analise da “do debate mediatizado” a que o Mangue se refere, poderemos referirmo-nos, ao facto que a Uniao europeia, um dos principais doadores em caso de catastrofes humanitarias, tem os seus cofres quase vazios. Porquê? Porque ja dispensou de 800 milhoes de euros, na resoluçao de crises, pelo mundo. Agora, o interessante sera ver como é que estas ajudas foram distribuidas. Qual a parte que foi para o Libano e qual a parte que foi para a Tchetenia, qual a parte que foi para a Palestina e qual a parte para a RDCongo, e fico-me por aqui meu Caro Mangue!
Modestamente, estou em querer que este exemplo, nao esteja a ser “um desvio de foco” mas ajuda-nos a perceber as confrontaçoes intra e inter- grupo (se considerarmos Libano, Palestina, RDCongo e Tchetenia como grupos) ajudado-nos consequentemente a clarificar exactamente tecido complexo de eventos, acçoes, interacçoes , retroaçoes, determinaçoes que constituem nosso MO.
Resta-me, Caro Mangue, agradecer-lhe por me ter proporcionado este exercicio de reflexao.
Saudaçoes cordiais
Paula Lemos
PS: Espero nao ter ultrapassado os 9 minutos e 01 segundos.
Bem haja
Paula
By Anonymous, at 1:41 AM
Cara Paula,
Só uma ligeira observação. O filme a que me refiro (mais para documentário do que para filme) foi pouco publicitado. O do Michael Moore, sim. São distintos.
“Noutros termos, é desejavel substituir o paradigma da disjunçao/reduçao/unidimencionalisaçao, pelo paradigma da distinçao /conjunçao, permitindo-nos assim, distinguir sem separar , associar sem identificar ou reduzir...”. SIM, Perfeito.
“Qual a parte que foi para o Libano e qual a parte que foi para a Tchetenia, qual a parte que foi para a Palestina e qual a parte para a RDCongo”. Depois da análise inter-grupo, é fundamental que se desça à relação intra-grupo; sem dúvidas, um outro espaço de contradições. Quanto ao desvio de foco, estaria, por assim dizer, em focalizar nos judeus exterminados mais do que na acção de extermínio (seja de quem for). Há que focalizar no extermínio (e no grupo apenas como estratégia) evitando, assim, que se financie ou se “durma com o inimigo” (da justiça) em trajes de determinado grupo. Aí o desafio é mais moral, em direcção à hegemonia e não ao domínio, no sentido Gramsciano. Um filme que acho interessante nessa linha é o Adeus Meninos (Au revoir les enfants – não sei como foi traduzido para inglês) do Director Francês Louis Malle.
Cara Paula, o prazer foi todo meu. Não foram umtrapassados os 09 minutos e 01 segundo. Muito obrigado!
Mangue
By Mangue, at 3:56 PM
Caro Mangue
Respeito sua opiniao, embora ache que ela nao invalide a minha. Em minha modesta opiniao, nao deveriamos conceber a “discusao cientifica como um processo judiciario, onde hà um culpado e o procurador, que como é seu papel, deve demonstrar que o acusado é culpado e digno de ser retirado da circulaçao” (Gramsci, 1975: 164). Assim, estou em crer que partimos de pontos de vista diferentes para analisarmos a mesma questao. Eu preveligio uma analise complexa, isto nao significa que eu enverede por uma abstraçao generalizada, desfazada do concreto. Nao, nao! O germe unificador da analise ou se quiser o ponto focal da analise esta bem presente e focalisado, passo o pleonasmo. Sua questao de partida foi: que estará a acontecer com a Palestina sobre a cortina de escombros e fumaça do Líbano (para onde todas as atenções estão viradas)? Temos mote para uma analise belicista. Esta envia-nos para os refugiados, estes por sua vez enviam-nos para ajuda humanitaria. Ora, ao abordamos estas duas ultimas questoes nao nos impede de responder à questao de partida, bem ao contrario, permite-nos enriquecer nossa analise sem contudo nos desfazarmos do ponto focal. Integrar estas informaçoes “sobre a cortina de escombros e fumaça”, esbate a “cortina” e faz-nos aperceber que dos dois lados da “cortina” existem “seres vivos”... estamos focalizando no extreminio.
É tudo uma questao metodologica, Meu Caro;
Entretanto, respeito sua analise, comprendo-a realmente, mas sou partidaria de facto (por enquanto) do paradigma da conjunçao, permitindo-nos assim, distinguir sem separar , associar sem identificar ou reduzir... e sem dispersar”. Certo, puxei ao maximo meu exemplo,mas nao invalida que eu possa identificar as praticas, as estratégias, as logicas em torno do extreminio, ou se preferir em torno de sua questao.
O filme de Malle, vai justamente ao encontro do que digo. Malle escolheu um metodo para a abordagem de seu filme. Malle revisitou o seu passado. Malle mergulha num épisodio doloroso de sua vida, mas observa-o com “os olhos de hoje” aquilo que ele “nao viu” em 44. Noutros termos Malle tenta compreender o que se passou com ele em 44. Mesmo porque, em “Lacombe Lucien”, um outro filme de Malle, Ele tenta ja mergulhar no seu subconsciente, ao questionar-se como é que um jovem de cerca de 13 anos, afectivamente frustado, torna-se num colaborador. Sera um “trabalho de memoria”? Sim e nao Malle retorna à problematica: “como falar da Shoah, o que nao devemos falar e o que podemos e devemos falar? Malle fez a escolha de fazer uma analise das motivaçoes psicologicas de cada um durante a guerra.
Quanto os documentario, sera que se refere ao 11 de Setembro de 2001 do realizador Dylan Avery? Queira desculpar-me pela confusao. Agradecendo antecipadamente sua resposta resta-me desejar-lhe uma boa semana.
Saudaçoes cordiais
Paula
PS:Ah!, Justiça , esta ai outra coisa que tambem nao sei o que é, depois do ”Affair Dreyfus” passando mais recentemente pelo “affair Burgaud”... cada vez compreendo menos;
Se justiça nos envia à genese da verdade ou à memoria dos erros. Entao parafrazeando Foulcaut, lembrar-mo-nos de todos erros que possam ter sido ditos, ou feitos ou julgar o que pode ser verdade, “ça nous fait une belle jambe”...
Ao prazer de rele-lo,
repeitosamente
Paula
By Anonymous, at 3:55 AM
E como é verdade...
By Mikas, at 3:34 PM
Olá, Paula.
Desculpe-me a demora em responder. Questões de acesso.
Não veria, a priori, as descrições feitas, a sua ou a minha, de forma dicotômica. Em muitas análises podem até ser complementares, na medida em que procurei dizer o que olhar e nem tanto como olhar. Até porque, por uma questão estratégica, o local tem que se fazer presente (só que, a meu ver, não de forma imperativa, isto é, encolhendo os demais aspectos, incluisve os essenciais).
Um professor, ex-diretor de um organismo de fomento a pesquisa no Brasil disse, uma vez, que estava satisfeito com a "política externa" educacional brasileira, ao privilegiar a cooperação sul-sul e que, desse modo, muitos países, inclusive os africanos, puderam enviar, para formação, muitos dos seus estudantes - no caso, fica subentendida a educação como importante veículo de mobilidade social. Mas ele teve a sorte de lecionar também no Paraná, onde teve a oportunidade se encontrar com muitos desses estudantes. Ao se dar conta da procedência da maioria dos estudantes (filhos/parentes de embaixador, de ministro, etc.) disse, em suas palavras, que o projecto não estava "adequadamente focalizado". Neste caso, talvez tenha se apercebido que o simples aumento de vagas não representaria um ganho adicional - quanto à mobilidade social - , senão para os relatórios, em que se resumia à acolhida de mais uns tantos alunos.
Há pontos complementares. vê-se no caso do filme Adeus Meninos, em que a Paula traz vários outros elementos e leituras, algumas já por mim percebidos edm relação ao filme, e outras não. Ao citá-lo, chamava a atenção para o facto de estarem os nazistas de um lado e os franceses do outro, e, a despeito, não faltaram co-cidadãos franceses que aceitaram cooperar com a ocupação. Isso não anula os pontos por si colocados sobre o filme do Malle.
Creio que a complexidade (quanto à justiça) não é "privilégio" exclusivo da justiça. É também um desafio para a cidadania, para a liberdade e para tantas outras virtudes perseguidas pela humanidade.
O fimle 11 de setembro: o filme, não é do Avery. É produzido pela Europa filmes, isso me lembro, e os directores são os 11 de cada um dos filmes de 9 minutos. Lembro-me que um dos conhecidos é o Lelouch (creio que seja assim a escrita) dos miseráveis - fora de casa; voltando, confirmo.
Obrigado, mais uma vez. Abraços, fique bem!
By Mangue, at 2:57 PM
A universalidade do poeta!
By hfm, at 8:47 AM
Queira desculpar-me caro Mangue mas foi completamente impossivel conectar-me. Entretanto considerando “o compasso de espera" resta-me apenas agradecer-lhe pela sua sua gentileza.
E impossivel nao estar de acordo consigo. Assim, adorei a sua “complexidade” enquanto desafio para a cidadadania, mas continuo sem saber o que é justiça Mangue. Por vezes dou por mim a tentar descodificar injustiças. Mas ai lembro-me que no dizer de Foucault “para que uma justiça seja injusta , nao é necessario que ela se engane de culpado, é necessario que ela nao julgue como deve ser” Pergunto-me o que sera este “deve ser”? Pegando no seu exemplo “Ao se dar conta da procedência da maioria dos estudantes (filhos/parentes de embaixador, de ministro, etc.) disse, em suas palavras, que o projecto não estava "adequadamente focalizado". Pode-se dar o caso que estes tais filhos de Srs fulanos e tais fossem realmente os “melhores alunos” e ai pergunto seu professor nao estaria a cair numa injustiça? i.é o projeto nao estaria de facto "adequadamente focalizado” ? Tratando-se por exemplo dos melhores alunos do Sul que por acaso tbem eram fihos de embaixadores e ministros. Neste caso, o simples aumento de vagas poderia ser um ganho adicional - quanto à mobilidade social? Talvez permita a formaçao de uma elite africana?! Seria isto um bom paradigma para a cooperaçao sul-sul?
Ups! Certo, certo o Craveirinha é intemporal.
Bem haja
Paula
By Anonymous, at 9:56 AM
Bom Ano 2007,Mangue
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