Linguas Nacionais
Fátima Ribeiro volta ao blog para nos falar sobre a questão das línguas nacionais no ensino:
Estimada Maria de Lourdes, estimados bloguistas,
“Imperiosa é, sem dúvida, a introdução das línguas locais no ensino, pelas mais diversas razões que têm sido apontadas: permitir à criança expressar-se na língua que domina para facilitar a sua inserção na vida escolar, fazer com que a criança adquira uma base sólida na sua língua materna com vista a uma melhor proficiência nas outras línguas, e valorizar as línguas moçambicanas. Razões, todas elas, suficientemente importantes para nem sequer as pormos em causa. O que pretendemos é, tão-somente, chamar a atenção para questões que se prendem com a viabilidade e a garantia de qualidade do sistema proposto, que são, em Moçambique, e nos tempos que correm, igualmente relevantes.” – Assim afirmei eu no meu artigo publicado neste blog a 18 de Fevereiro, e assim tenho argumentado sempre que para isso tenho oportunidade. É que me preocupa verdadeiramente o que parece estar aí para vir, e a ligeireza com que a questão tem sido abordada tanto nos meios académicos como na imprensa.
É certo que ainda se está na fase experimental, e que o natural seria travar-se o processo se os resultados não forem positivos. Não julgo, no entanto, que isso venha a acontecer facilmente. “A decisão já foi tomada, é de natureza política, e nenhum argumento, seja ele de que natureza for, terá qualquer força para a alterar”, cito de memória um dos nossos linguistas no primeiro dia das Jornadas de Língua Portuguesa presentemente a decorrer no Instituto Camões. Por mim, cá continuo, romanticamente pensando que posso ajudar a evitar o caos que prevejo.
E infelizmente - em minha humilde opinião, é claro – nem mesmo os resultados da fase experimental serão suficientes para justificar o modelo. Como todos sabemos, uma coisa é pôr o sistema a funcionar em duas ou três escolas por província, a merecerem toda a atenção do Ministério da Educação e Cultura, dos técnicos superiores envolvidos, dos doadores, etc. Outra coisa é pretender torná-lo sistema geral de ensino e aplicá-lo até às mais remotas aldeias do Niassa. É uma questão que tem de ser vista por linguistas e pedagogos, mas também por técnicos de vários outros domínios. Dela dependendo o futuro próximo e a médio prazo de pelo menos uma geração e do nosso país em geral, é um debate que eu gostaria de ver aberto a toda a nossa sociedade. Se o Machado permitir, vou cumprir muito em breve o que prometi: apresentar ideias para um modelo que proponho seja testado em paralelo com o oficialmente proposto pela reforma curricular. Sem qualquer pretensão académica, será, no entanto, um texto longo, o que tem sido criticado no blog. A todos quero apenas recordar que foi com um dos mais longos textos que aqui se viram – o excelente “Os sete sapatos sujos”, de Mia Couto - que o blog começou a animar, na sequência de também longas intervenções, umas mais, outras menos, mas todas elas “técnicas”, de Patrício Langa, Quitério Langa, Elísio Macamo...
Estimada Maria de Lourdes, estimados bloguistas,
“Imperiosa é, sem dúvida, a introdução das línguas locais no ensino, pelas mais diversas razões que têm sido apontadas: permitir à criança expressar-se na língua que domina para facilitar a sua inserção na vida escolar, fazer com que a criança adquira uma base sólida na sua língua materna com vista a uma melhor proficiência nas outras línguas, e valorizar as línguas moçambicanas. Razões, todas elas, suficientemente importantes para nem sequer as pormos em causa. O que pretendemos é, tão-somente, chamar a atenção para questões que se prendem com a viabilidade e a garantia de qualidade do sistema proposto, que são, em Moçambique, e nos tempos que correm, igualmente relevantes.” – Assim afirmei eu no meu artigo publicado neste blog a 18 de Fevereiro, e assim tenho argumentado sempre que para isso tenho oportunidade. É que me preocupa verdadeiramente o que parece estar aí para vir, e a ligeireza com que a questão tem sido abordada tanto nos meios académicos como na imprensa.
É certo que ainda se está na fase experimental, e que o natural seria travar-se o processo se os resultados não forem positivos. Não julgo, no entanto, que isso venha a acontecer facilmente. “A decisão já foi tomada, é de natureza política, e nenhum argumento, seja ele de que natureza for, terá qualquer força para a alterar”, cito de memória um dos nossos linguistas no primeiro dia das Jornadas de Língua Portuguesa presentemente a decorrer no Instituto Camões. Por mim, cá continuo, romanticamente pensando que posso ajudar a evitar o caos que prevejo.
E infelizmente - em minha humilde opinião, é claro – nem mesmo os resultados da fase experimental serão suficientes para justificar o modelo. Como todos sabemos, uma coisa é pôr o sistema a funcionar em duas ou três escolas por província, a merecerem toda a atenção do Ministério da Educação e Cultura, dos técnicos superiores envolvidos, dos doadores, etc. Outra coisa é pretender torná-lo sistema geral de ensino e aplicá-lo até às mais remotas aldeias do Niassa. É uma questão que tem de ser vista por linguistas e pedagogos, mas também por técnicos de vários outros domínios. Dela dependendo o futuro próximo e a médio prazo de pelo menos uma geração e do nosso país em geral, é um debate que eu gostaria de ver aberto a toda a nossa sociedade. Se o Machado permitir, vou cumprir muito em breve o que prometi: apresentar ideias para um modelo que proponho seja testado em paralelo com o oficialmente proposto pela reforma curricular. Sem qualquer pretensão académica, será, no entanto, um texto longo, o que tem sido criticado no blog. A todos quero apenas recordar que foi com um dos mais longos textos que aqui se viram – o excelente “Os sete sapatos sujos”, de Mia Couto - que o blog começou a animar, na sequência de também longas intervenções, umas mais, outras menos, mas todas elas “técnicas”, de Patrício Langa, Quitério Langa, Elísio Macamo...
1 Comments:
I felt very scared at assuming that the introduction of bantu language teaching in Primary School, widely named EPI, is a fallacious, once the language is seen as an important /crucial key into learning experience .
For such, I thing we should look back in what the anthropologists assume. Through the language we can understand people's culture because they are embedded all social norms,social relation among children, adults and old people, in summary the way they govern themselves, not only.
like this, stronger than ever, language is the most important key for better education.The process of knowledge transmission is easier when we tackle student's language for most of the words are familiar to him/her, except the technical ones, than a foreign one that leads them to cope with the language, but not content issues.
Naturally, everyone knows how to count at least in their native language. But this turns to be a problem when required to do so in second language, for example, Portuguese , English, and so on. Thus, bilingualism should have started a long time ago more or less ten years after our independence in 1975. However, never is late to make the project go for Mozambique is a thirsty and hungry country's local language preservation. This will ease children's comprehension of different issues such as Mathematics, geography, Biology, and so on. we recognize that it is a long to run, positively, it is an interesting challenge to elaborate students's and teacher's materials
By: Teodosio Camilo Raul
Bantu Language Teaching Student
e-mail traul@gmail.com
By Unknown, at 2:58 AM
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