Uma nova geração
Em Agosto do ano passado escrevi, para a revista MAIS, o texto que se segue, apenas ligeiramente adaptado devido ao tempo que passou entretanto:
UMA NOVA GERAÇÃO
Uma série de fenómenos que vou observando na nossa sociedade me leva a pensar que estamos a atravessar um importante momento de mudança.
De mudança na forma de pensar e agir que regulou a nossa actividade ao longo dos últimos 30 anos, isto é desde o fim da guerra colonial.
E este número de 30 anos não é, na minha opinião, indiferente às mudanças de que falo. Pelo contrário pode ser a razão determinante dessas mudanças. Isto porque começa a chegar hoje às portas do poder toda uma geração de gente que já nasceu depois da independência nacional ou, tendo nascido antes, era demasiado criança para se aperceber do que a rodeava.
Hoje temos já uma camada importante de jovens, com uma preparação académica bastante acima da média nacional, que não viveu o colonialismo. Para quem ser independente é um facto desde que se lembram e que, portanto, dá muito menos importância à luta que foi preciso travar para que essa independência fosse uma realidade.
E, logicamente, dando menos importância à luta dá, também, menos importância ao partido que a conduziu e aos seus dirigentes históricos.
Enquanto a luta armada de libertação foi o culminar de um longo processo de resistência ao colonialismo, o mundo do pós-independência é outra coisa. Mesmo se o tempo de Samora prolongou essa continuidade histórica, através do apoio aos países da zona ainda oprimidos. Mas tudo isso acabou já há muito.
Para esta camada social o que importa é o futuro e as oportunidades que este lhes reserva. Querem conhecer o passado mas não têm, na maior parte dos casos, uma apreciação emocional sobre esse passado, na medida em que não o viveram nem dele foram contemporâneos.
É gente que quer saber o que aconteceu de uma forma racional, sem interpretações ideologizadas de um lado ou do outro. E quer saber, muitas vezes, para avaliar o grau de confiança que pode ter naqueles que, ainda hoje, estào na primeira linha do governo e da oposição. Quer saber do passado para avaliar em quem votar no presente para conseguir um melhor futuro.
É gente que frequentou as universidades e tem um ou mais graus académicos. Gente que vê a forma como são geridas as áreas do poder e pensa que, muito provavelmente, é capaz de fazer melhor do que aquilo que vê.
Para eles os dirigentes “históricos” já não são pessoas admiradas pelo que fizeram mas apenas obstáculos à sua própria subida aos patamares do poder.
E não creio que as principais forças políticas do país estejam a dar a devida importância a esta camada. A esta gente que já não gritou vivas nem abaixos (ou o fez apenas na infância) nem andou no mato às ordens da Renamo. A estes jovens que cresceram nas escolas de todo o país e hoje ocupam já lugares de alguma responsabilidade nas diversas áreas da vida nacional.
Se bem analiso, são pessoas que não se sentem vinculadas a nenhuma das principais formações políticas, mantendo-se, como jovens que são, à espera de algum projecto novo e sério que as possa entusiasmar para uma participação mais activa na vida nacional.
Mas que podem também entrar na idade amarga da desilusão se esse projecto não surgir dentro de uma perspectiva temporal aceitável.
E a verdade é que, após as eleições de Dezembro passado, só voltará a haver possibilidades de uma mudança real, daqui a 5 anos.
Isto se se frustrar a expectativa da Força da Mudança...
UMA NOVA GERAÇÃO
Uma série de fenómenos que vou observando na nossa sociedade me leva a pensar que estamos a atravessar um importante momento de mudança.
De mudança na forma de pensar e agir que regulou a nossa actividade ao longo dos últimos 30 anos, isto é desde o fim da guerra colonial.
E este número de 30 anos não é, na minha opinião, indiferente às mudanças de que falo. Pelo contrário pode ser a razão determinante dessas mudanças. Isto porque começa a chegar hoje às portas do poder toda uma geração de gente que já nasceu depois da independência nacional ou, tendo nascido antes, era demasiado criança para se aperceber do que a rodeava.
Hoje temos já uma camada importante de jovens, com uma preparação académica bastante acima da média nacional, que não viveu o colonialismo. Para quem ser independente é um facto desde que se lembram e que, portanto, dá muito menos importância à luta que foi preciso travar para que essa independência fosse uma realidade.
E, logicamente, dando menos importância à luta dá, também, menos importância ao partido que a conduziu e aos seus dirigentes históricos.
Enquanto a luta armada de libertação foi o culminar de um longo processo de resistência ao colonialismo, o mundo do pós-independência é outra coisa. Mesmo se o tempo de Samora prolongou essa continuidade histórica, através do apoio aos países da zona ainda oprimidos. Mas tudo isso acabou já há muito.
Para esta camada social o que importa é o futuro e as oportunidades que este lhes reserva. Querem conhecer o passado mas não têm, na maior parte dos casos, uma apreciação emocional sobre esse passado, na medida em que não o viveram nem dele foram contemporâneos.
É gente que quer saber o que aconteceu de uma forma racional, sem interpretações ideologizadas de um lado ou do outro. E quer saber, muitas vezes, para avaliar o grau de confiança que pode ter naqueles que, ainda hoje, estào na primeira linha do governo e da oposição. Quer saber do passado para avaliar em quem votar no presente para conseguir um melhor futuro.
É gente que frequentou as universidades e tem um ou mais graus académicos. Gente que vê a forma como são geridas as áreas do poder e pensa que, muito provavelmente, é capaz de fazer melhor do que aquilo que vê.
Para eles os dirigentes “históricos” já não são pessoas admiradas pelo que fizeram mas apenas obstáculos à sua própria subida aos patamares do poder.
E não creio que as principais forças políticas do país estejam a dar a devida importância a esta camada. A esta gente que já não gritou vivas nem abaixos (ou o fez apenas na infância) nem andou no mato às ordens da Renamo. A estes jovens que cresceram nas escolas de todo o país e hoje ocupam já lugares de alguma responsabilidade nas diversas áreas da vida nacional.
Se bem analiso, são pessoas que não se sentem vinculadas a nenhuma das principais formações políticas, mantendo-se, como jovens que são, à espera de algum projecto novo e sério que as possa entusiasmar para uma participação mais activa na vida nacional.
Mas que podem também entrar na idade amarga da desilusão se esse projecto não surgir dentro de uma perspectiva temporal aceitável.
E a verdade é que, após as eleições de Dezembro passado, só voltará a haver possibilidades de uma mudança real, daqui a 5 anos.
Isto se se frustrar a expectativa da Força da Mudança...
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