De volta à corrupção
O Elisio Macamo respondeu-me, nos comentários ao post anterior.
Eu, como continuo a achar que textos mais desenvolvidos devem ser publicados como posts, respondo-lhe aqui.
Portanto, leitor, vá primeiro aos comentários anteriores, até porque há lá mais opiniões interessantes e curtas.
Passando agora ao texto do Macamo.
É claro que eu estava a ferver no meu canto, ao longo do debate, porque, para mim, a questão da corrupção traduz-se, na prática, no roubo do meu dinheiro. Do dinheiro que me custou a ganhar e entreguei ao Estado, sob a forma de impostos.
E entreguei-o para ter boas estradas, boas escolas, bons hospitais. Não foi para ver esse dinheiro ser desviado para bolsos privados e utilizado na vida luxuosa de um bando de ladrões.
Não quero que o meu dinheiro vá para tapar os buracos do Banco Austral, do BCP e da Segurança Social, para não falar dos desvios que os jornais anunciam diariamente.
O Elisio Macamo deturpa o que eu digo através da generalização abusiva: O Machado acha que corrupção é tudo quanto não está bem.
É claro que não é isso que eu digo e o Macamo sabe-o perfeitamente.
Igualmente deturpa o meu pensamento a respeito da utilização do jargão académico. Pois se abri este blog onde o tal jargão é o que mais aparece!
O meu problema é quando vejo esse jargão a ser utilizado não para nos ajudar a pensar melhor mas, pelo contrário, para tornar impenetrável aquilo que, na verdade, é cristalino.
Diz ele que a prioridade não deve ser o combate à corrupção mas sim a reforma do sistema político para que haja cultura de responsabilidade e os procedimentos se tornem transparentes.
Mas como é isso possivel estando a totalidade do poder político nas mãos de um partido que não mostra, na prática, nenhuma vontade política nesse sentido, pelo contrário continuando a deitar a capa protectora do silêncio cumplice sobre os seus membros criminosos?
Diz o Macamo que, nos Estados Unidos, abandonaram a estratégia de combate à corrupção. Então porque será que, não há muitos meses, vi fotos de PCAs de algumas das mais importantes empresas americanas, algemados, a entrarem na cadeia? E nós, já tivemos algum caso?
É muito possivel que o primo de quem decide seja o melhor candidato. Mas tem que o provar, de forma transparente e não ser nomeado, às escondidas, por um despacho do primo poderoso, como acontece agora, na maior parte dos casos.
Não acho, claramente, que a corrupção seja um aspecto menor a ser atirado para um plano subalterno das nossas preocupações.
Pelo contrário penso que a corrupção é uma entidade parasita que está a sugar a riqueza do país em beneficio de uma camada.
E acho que isso tem que acabar. E só acaba quando os primeiros corruptos forem condenados a pesadas penas de cadeia.
Machado
Eu, como continuo a achar que textos mais desenvolvidos devem ser publicados como posts, respondo-lhe aqui.
Portanto, leitor, vá primeiro aos comentários anteriores, até porque há lá mais opiniões interessantes e curtas.
Passando agora ao texto do Macamo.
É claro que eu estava a ferver no meu canto, ao longo do debate, porque, para mim, a questão da corrupção traduz-se, na prática, no roubo do meu dinheiro. Do dinheiro que me custou a ganhar e entreguei ao Estado, sob a forma de impostos.
E entreguei-o para ter boas estradas, boas escolas, bons hospitais. Não foi para ver esse dinheiro ser desviado para bolsos privados e utilizado na vida luxuosa de um bando de ladrões.
Não quero que o meu dinheiro vá para tapar os buracos do Banco Austral, do BCP e da Segurança Social, para não falar dos desvios que os jornais anunciam diariamente.
O Elisio Macamo deturpa o que eu digo através da generalização abusiva: O Machado acha que corrupção é tudo quanto não está bem.
É claro que não é isso que eu digo e o Macamo sabe-o perfeitamente.
Igualmente deturpa o meu pensamento a respeito da utilização do jargão académico. Pois se abri este blog onde o tal jargão é o que mais aparece!
O meu problema é quando vejo esse jargão a ser utilizado não para nos ajudar a pensar melhor mas, pelo contrário, para tornar impenetrável aquilo que, na verdade, é cristalino.
Diz ele que a prioridade não deve ser o combate à corrupção mas sim a reforma do sistema político para que haja cultura de responsabilidade e os procedimentos se tornem transparentes.
Mas como é isso possivel estando a totalidade do poder político nas mãos de um partido que não mostra, na prática, nenhuma vontade política nesse sentido, pelo contrário continuando a deitar a capa protectora do silêncio cumplice sobre os seus membros criminosos?
Diz o Macamo que, nos Estados Unidos, abandonaram a estratégia de combate à corrupção. Então porque será que, não há muitos meses, vi fotos de PCAs de algumas das mais importantes empresas americanas, algemados, a entrarem na cadeia? E nós, já tivemos algum caso?
É muito possivel que o primo de quem decide seja o melhor candidato. Mas tem que o provar, de forma transparente e não ser nomeado, às escondidas, por um despacho do primo poderoso, como acontece agora, na maior parte dos casos.
Não acho, claramente, que a corrupção seja um aspecto menor a ser atirado para um plano subalterno das nossas preocupações.
Pelo contrário penso que a corrupção é uma entidade parasita que está a sugar a riqueza do país em beneficio de uma camada.
E acho que isso tem que acabar. E só acaba quando os primeiros corruptos forem condenados a pesadas penas de cadeia.
Machado
1 Comments:
Caro Machado, está claro que não te percebo, sobretudo, enquanto insistires na ideia de que tudo está claro, que qualquer opinião ao que tu e outros vêm com clareza é uma tentativa de lançar poeira aos olhos. Esta impaciência bem como a atitude categórica de que já não há mais nada para se discutir - só para continuar a lamentar sobre a corrupção - é que torna este tema da corrupção extremamente problemático aos meus olhos.
Tudo quanto nos resta são os apelos morais, a indignação e, pior do que isso, uma espécie de fatalismo: seja o que for que nós fizermos, os "ladrões" vão contrariar. Este fatalismo resulta da recusa do debate patente na impaciência com o jargão académico. Aquilo que muito desajeitadamente se define como corrupção neste blog é o resultado de problemas estruturais que deviam merecer a nossa atenção prioritária. Só atacando esses problemas é que teremos uma pequena chance de, a longo prazo, começar a acabar com a corrupção de que tanto falam. Se um PCA "rouba" não é suficiente pedir o seu afastamento em artigo após artigo. Mais necessário do que isso é concentrar a nossa atenção no que deve ser feito ao nível do funcionamento das instituições (tribunal administrativo, polícia, etc.) para tornar a vida difícil aos que se sintam tentados a fazer a mesma coisa. O problema está nas instituições, nas condições estruturais, na natureza dos desafios que se colocam ao país (desenvolvimento através do auxílio). As pessoas são aqui o problema menor, a não ser que se trate de pessoas mais preocupadas em chamar nomes a outras (ladrões), mostrar indignação e recusar ouvir outros pontos de vista sobre um problema que consideram claramente definido.
Se não acreditas na probabilidade de reforma do sistema, o que te leva a supor que vais conseguir mudar os "corruptos"? Mas lá estou eu de novo a deitar poeira nos olhos... A reforma do sistema político é o único espaço de actuação que nos resta!
By Elísio Macamo, at 9:35 AM
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