Sapatos sujos
Com a quantidade de matope que por aí existe há quem pense que o número de sdapatos sujos é maior do que o que o Mia indica. É o caso de José Xitsungo, que mandou a seguinte contribuição:
MAIS SAPATOS SUJOS
Li com muito gosto “os sete sapatos sujos”, publicado no jornal Notícias, cujo autor, Mia Couto, é um escritor de que Moçambique muito se deve orgulhar.
Permita-me, por este meio, felecitá-lo por mais uma vez surpreender-nos pela positiva com o abordar de assuntos que tocam a todos nós, moçambicanos e não só.
Será muito bom que os sete sapatos sujos consiga ir para além do consumo literário de um privilegiado grupo de leitores e se difunda por todos, que seja discutido e enriquecido, tornando-se uma referência nacional na idealização de uma melhor atitude e um despertar de consciência rumo ao desenvolvimento económico e social de Moçambique.
E é indo nessa onda que pretendo dar a minha modesta contribuição, e, se o Mia Couto me permite, irei acrescentar mais alguns sapatos sujos.
8º sapato: Quem tem maior responsabilidade para reclamar, os de barriga vazia ou os de barriga cheia?
Num dos sete sapatos sujos, do Mia Couto, mencionou-se o facto de Joaquim Chissano ser o sétimo presidente africano, desde 1957, a renunciar voluntáriamente ao cargo. Ora, esta deveria ser uma regra de ouro não só para os presidentes da república mas para todos os outros níveis de exercício de poder ou de actividade desde que o tempo de permanência seja considerado excessivo.
Porém, aí existe um grande obstáculo: Se eu renúncio ao meu pôsto, só porque sinto que já não tenho as mesmas energias ou atenção necessárias para continuar a manter-me nele com a mesma qualidade inicial, perco o meu pão. Ou por outra, demitindo-me ou não aceitando um emprego bom, embora não sendo do meu gosto, perco o vencimento e, se não tenho alternativa, prejudico a minha vida e dos meus dependentes. Por isso, é de esperar que um indivíduo se mantenha ou aceite um cargo que não é do seu interesse mas donde provém certos benefícios materiais.
Mas reparem que eu refiro-me a benefícios materiais. Em relação aos benefícios morais será difícil encontrá-los em alguém que, tendo começado bem e ganho o suficiente, a uma dada altura e por qualquer razão, passa a ter um menor empenho numa determinada actividade mas insiste em desempenhá-la.
Embora sendo difícil poderíamos pensar no seguinte exercício de consciência: Dinheiro já não preciso de ganhar mais, já tenho o suficiente para viver bem, eu e a minha família, para o resto da minha vida. Também já fiz muito de bom e isso é até reconhecido por muita gente. Valerá a pena continuar a arriscar-me até ao ponto de, segundo o princípio de Peter, atingir o meu grau de incompetência?
Se teóricamente a resposta é muito fácil de dar, na prática muitas vezes acontece o contrário. Analisemos o seguinte exemplo:
O anterior e primeiro hino de Moçambique, criado pelo Grande Maestro Chemane, já falecido, era a meu ver um hino muito bonito. Por razões que todos nós sabemos houve necessidade de se criar um novo hino adaptado à actual realidade que vivemos. Segundo nos foi dado a entender pela imprensa, promoveu-se um concurso público, os deputados de ambas as bancadas andaram a dar voltas pelo país a pesquisar, gastou-se muito dinheiro e, no fim, para se justificar os meios, foi-se repescar uma proposta que estava guardada numa gaveta de um ministério e que, contraditóriamente, tinha sido criada na era do monopartidarismo, afinal esta a principal questão da substituição do primeiro hino de Moçambique.
Resumindo, para se criar um hino adequado à nova realidade eliminou-se um hino antigo e musicalmente bonito e substituiu-se por um hino antigo e de gosto “relativo”. Mas como quem gastou tanto dinheiro foram os deputados de ambas as bancadas e não apenas de uma delas, aí não houve a escolinha do barulho.
Mas não foram só os deputados que se calaram. Quem dos autores do novo hino, que afinal já era velho, foi capaz de abrir a boca? Quem dos seus autores foi capaz de levantar-se e dizer que, se fôr para criar um novo hino, actual e bonito, seria melhor agora fazer-se um concurso justo que de certeza iriam encontrar moçambicanos com criatividade e inspiração para fazer algo melhor?
E se alguns autores calaram-se porque realmente gostaram do hino, poderá haver outros que se calaram porque se sentiram bem com o prémio que receberam. Outros também se calaram por corporativismo, não vou ser eu a criança a gritar que o rei vai nu.
Provávelmente haverá ainda outros que, não precisando assim tanto de dinheiro também se calaram porque quiseram ter a glória de serem os criadores do novo hino de Moçambique, mesmo que interiormente sintam existir a possibilidade de se fazer uma coisa melhor, só que, provávelmente feita por outros.
Não seriam estes últimos, que recai maior responsabilidade de saberem exigir que as coisas sejam bem feitas?.
9º sapato: Luxo na miséria, ideias burguesas ou a procura de soluções desenquadradas da realidade?
Lá diz um ditado popular: ”Em casa de ferreiro espeto de pau”. Vejam a sua aplicação na nossa sociedade.
Os alunos da escola agrária queixam-se da má qualidade das suas refeições. Comem todos os dias xima com feijão, a sua dieta não varia. A Direcção da referida escola que tem ao seu dispôr vários hectares de terra livre e arável queixa-se que o orçamento que recebem do governo central é bastante exíguo para a aquisição de produtos alimentares.
Numa outra escola os alunos realizam as suas necessidades fisiológicas atrás das árvores ou nos muros visto que as suas casas de banho estão em muito más condições. O orçamento não chega para contratar mais serventes e é anti-pedagógico organizar jornadas com a participação dos alunos para limpar as casas de banho que eles próprios utilizam.
Continuando, as salas do curso de construção civil de uma determinada instituição de ensino estão a ser reabilitadas por uma Empresa exterior. Nenhum dos alunos sabe o que está a ser feito e em que pode ajudar. Os testes de aproveitamento dos alunos consistem em cálculos de derivadas e integrais mas muitos deles não sabem citar marcas ou fabricantes de cimento existentes no mercado ou mesmo que tipo de tinta é que vai ser pintada a sua sala.
Isto para quem lida com computadores:A secretaria de um outra instituição onde se leccionam cursos de informática tem a sua “base de dados” de facturação dos alunos em formato Word.
Muitos dos semáforos de cidades moçambicanas continuam avariados. No entanto, em vários desses municípios existem escolas médias e superiores de formação em electrónica que com um pouco de criatividade poderiam ajudar a minimizar o problema.
O terreno que circunda uma certa igreja está muito mal tratado mas com um pequeno esforço poderia ser muito bem transformado num jardim. E nada acontece por falta de fundos, de voluntários ou aquelas pessoas que frequentam a referida igreja a única coisa que sabem fazer é rezar?
Pior de tudo que eu já vi: concorrendo com os meninos de rua que têm as suas limitações, os alunos finalistas de uma determinada escola da cidade de Maputo (desculpe-me o plágio pois o Mia Couto também falou de alunos finalistas num dos seus sapatos), ao invés de pensarem em actividades mais compatíveis com a sua formação, de modo a que as pessoas acreditem no que andaram a aprender na escola, vão para as praças lavar carros ou para os semáforos pedir dinheiro para realizarem o imprescindível baile de finalistas.
A um deles que me pediu dinheiro para o baile, dei-lhe quinhentos meticais (não são quinhentos mil meticais, são mesmo quinhentos meticais). Como o semáforo mudou para verde (esse não estava avariado) arranquei imediatamente com o carro não fosse eu levar com o dinheiro na cara.
10º sapato: Você não quer ser o Padrinho?
Embora para estimular um jovem fora da cidade a praticar desporto seja necessário um pouco mais de quinhentos meticais que eu ofereci aquele aluno do semáforo para fazer a festa, às vezes também não é preciso muito. Um jogo de futebol de crianças num bairro suburbano pode ter como prémio um refresco e uma sandes para cada jogador. 22 jogadores receberão 22 refrescos. Contando com os suplentes, árbitros e treinadores, poderemos contabilizar 2 caixas de refresco (cerca de 300 mil meticais, aproximadamente 15 dólares). Adicionando as sandes, podemos duplicar esse valor, chegando aos 600 mil meticais, o que para muitos Senhores é uma quantia realmente irrisória.
Se nesse bairro houver por semana, pelo menos 1 Padrinho com capacidade para fazer essa oferta, não só em dinheiro como em presença, permitindo uma melhor organização e transmissão de valores correctos aos mais novos, então teremos todas as semanas os bairros suburbanos com os campos cheios de pessoas ocupadas a realizarem-se grandes desafios de futebol. Teremos os tais 22 ou mais indivíduos a praticarem uma actividade que os dignifica e que poderá traçar o seu destino no futuro.
Conclusão: Ao criarmos para os outros formas alternativas de sucesso positivo na sociedade, que não sejam apenas as tradicionais idas às escolas que muitas vezes levam ao fracasso os mais desfavorecidos, conduzimos a que no futuro hajam menos assaltantes, ninjas vendedores de droga ou más companhias para os nossos filhos ou netos.
Assim, para que possamos descalçar o décimo sapato sujo é necessário que, para além do tempo e dinheiro que dispendemos com os nossos filhos, saibamos também dar um pouco de tempo e dinheiro aos filhos dos outros, não sómente em bebedeiras, festas ou outras curtições, mas também em actividades que conduzam à sua real formação, tais como incentivando-os a ler mais, emprestando-lhes os livros que temos, a estarem melhor informados sobre o que se passa no mundo comentando as notícias dos jornais e TV, a questionarem mais a sua própria realidade antiga e actual, criando debates, levando-os a descobrirem outras formas de participação positiva na comunidade, etc.
Aparentemente parece dar muito trabalho mas depois descobre-se que quem corre com gosto não se cansa.
Que tal, pelo menos um dia do mês, sermos também nós a oferecer o dízimo, providenciando apoio e solidariedade material e moral aos que dele necessitam? Que tal assumirmos a responsabilidade de tornar as próximas gerações melhores do que as actuais? Que tal, você não aceita ser um dos Padrinhos do Futuro de Moçambique?
MAIS SAPATOS SUJOS
Li com muito gosto “os sete sapatos sujos”, publicado no jornal Notícias, cujo autor, Mia Couto, é um escritor de que Moçambique muito se deve orgulhar.
Permita-me, por este meio, felecitá-lo por mais uma vez surpreender-nos pela positiva com o abordar de assuntos que tocam a todos nós, moçambicanos e não só.
Será muito bom que os sete sapatos sujos consiga ir para além do consumo literário de um privilegiado grupo de leitores e se difunda por todos, que seja discutido e enriquecido, tornando-se uma referência nacional na idealização de uma melhor atitude e um despertar de consciência rumo ao desenvolvimento económico e social de Moçambique.
E é indo nessa onda que pretendo dar a minha modesta contribuição, e, se o Mia Couto me permite, irei acrescentar mais alguns sapatos sujos.
8º sapato: Quem tem maior responsabilidade para reclamar, os de barriga vazia ou os de barriga cheia?
Num dos sete sapatos sujos, do Mia Couto, mencionou-se o facto de Joaquim Chissano ser o sétimo presidente africano, desde 1957, a renunciar voluntáriamente ao cargo. Ora, esta deveria ser uma regra de ouro não só para os presidentes da república mas para todos os outros níveis de exercício de poder ou de actividade desde que o tempo de permanência seja considerado excessivo.
Porém, aí existe um grande obstáculo: Se eu renúncio ao meu pôsto, só porque sinto que já não tenho as mesmas energias ou atenção necessárias para continuar a manter-me nele com a mesma qualidade inicial, perco o meu pão. Ou por outra, demitindo-me ou não aceitando um emprego bom, embora não sendo do meu gosto, perco o vencimento e, se não tenho alternativa, prejudico a minha vida e dos meus dependentes. Por isso, é de esperar que um indivíduo se mantenha ou aceite um cargo que não é do seu interesse mas donde provém certos benefícios materiais.
Mas reparem que eu refiro-me a benefícios materiais. Em relação aos benefícios morais será difícil encontrá-los em alguém que, tendo começado bem e ganho o suficiente, a uma dada altura e por qualquer razão, passa a ter um menor empenho numa determinada actividade mas insiste em desempenhá-la.
Embora sendo difícil poderíamos pensar no seguinte exercício de consciência: Dinheiro já não preciso de ganhar mais, já tenho o suficiente para viver bem, eu e a minha família, para o resto da minha vida. Também já fiz muito de bom e isso é até reconhecido por muita gente. Valerá a pena continuar a arriscar-me até ao ponto de, segundo o princípio de Peter, atingir o meu grau de incompetência?
Se teóricamente a resposta é muito fácil de dar, na prática muitas vezes acontece o contrário. Analisemos o seguinte exemplo:
O anterior e primeiro hino de Moçambique, criado pelo Grande Maestro Chemane, já falecido, era a meu ver um hino muito bonito. Por razões que todos nós sabemos houve necessidade de se criar um novo hino adaptado à actual realidade que vivemos. Segundo nos foi dado a entender pela imprensa, promoveu-se um concurso público, os deputados de ambas as bancadas andaram a dar voltas pelo país a pesquisar, gastou-se muito dinheiro e, no fim, para se justificar os meios, foi-se repescar uma proposta que estava guardada numa gaveta de um ministério e que, contraditóriamente, tinha sido criada na era do monopartidarismo, afinal esta a principal questão da substituição do primeiro hino de Moçambique.
Resumindo, para se criar um hino adequado à nova realidade eliminou-se um hino antigo e musicalmente bonito e substituiu-se por um hino antigo e de gosto “relativo”. Mas como quem gastou tanto dinheiro foram os deputados de ambas as bancadas e não apenas de uma delas, aí não houve a escolinha do barulho.
Mas não foram só os deputados que se calaram. Quem dos autores do novo hino, que afinal já era velho, foi capaz de abrir a boca? Quem dos seus autores foi capaz de levantar-se e dizer que, se fôr para criar um novo hino, actual e bonito, seria melhor agora fazer-se um concurso justo que de certeza iriam encontrar moçambicanos com criatividade e inspiração para fazer algo melhor?
E se alguns autores calaram-se porque realmente gostaram do hino, poderá haver outros que se calaram porque se sentiram bem com o prémio que receberam. Outros também se calaram por corporativismo, não vou ser eu a criança a gritar que o rei vai nu.
Provávelmente haverá ainda outros que, não precisando assim tanto de dinheiro também se calaram porque quiseram ter a glória de serem os criadores do novo hino de Moçambique, mesmo que interiormente sintam existir a possibilidade de se fazer uma coisa melhor, só que, provávelmente feita por outros.
Não seriam estes últimos, que recai maior responsabilidade de saberem exigir que as coisas sejam bem feitas?.
9º sapato: Luxo na miséria, ideias burguesas ou a procura de soluções desenquadradas da realidade?
Lá diz um ditado popular: ”Em casa de ferreiro espeto de pau”. Vejam a sua aplicação na nossa sociedade.
Os alunos da escola agrária queixam-se da má qualidade das suas refeições. Comem todos os dias xima com feijão, a sua dieta não varia. A Direcção da referida escola que tem ao seu dispôr vários hectares de terra livre e arável queixa-se que o orçamento que recebem do governo central é bastante exíguo para a aquisição de produtos alimentares.
Numa outra escola os alunos realizam as suas necessidades fisiológicas atrás das árvores ou nos muros visto que as suas casas de banho estão em muito más condições. O orçamento não chega para contratar mais serventes e é anti-pedagógico organizar jornadas com a participação dos alunos para limpar as casas de banho que eles próprios utilizam.
Continuando, as salas do curso de construção civil de uma determinada instituição de ensino estão a ser reabilitadas por uma Empresa exterior. Nenhum dos alunos sabe o que está a ser feito e em que pode ajudar. Os testes de aproveitamento dos alunos consistem em cálculos de derivadas e integrais mas muitos deles não sabem citar marcas ou fabricantes de cimento existentes no mercado ou mesmo que tipo de tinta é que vai ser pintada a sua sala.
Isto para quem lida com computadores:A secretaria de um outra instituição onde se leccionam cursos de informática tem a sua “base de dados” de facturação dos alunos em formato Word.
Muitos dos semáforos de cidades moçambicanas continuam avariados. No entanto, em vários desses municípios existem escolas médias e superiores de formação em electrónica que com um pouco de criatividade poderiam ajudar a minimizar o problema.
O terreno que circunda uma certa igreja está muito mal tratado mas com um pequeno esforço poderia ser muito bem transformado num jardim. E nada acontece por falta de fundos, de voluntários ou aquelas pessoas que frequentam a referida igreja a única coisa que sabem fazer é rezar?
Pior de tudo que eu já vi: concorrendo com os meninos de rua que têm as suas limitações, os alunos finalistas de uma determinada escola da cidade de Maputo (desculpe-me o plágio pois o Mia Couto também falou de alunos finalistas num dos seus sapatos), ao invés de pensarem em actividades mais compatíveis com a sua formação, de modo a que as pessoas acreditem no que andaram a aprender na escola, vão para as praças lavar carros ou para os semáforos pedir dinheiro para realizarem o imprescindível baile de finalistas.
A um deles que me pediu dinheiro para o baile, dei-lhe quinhentos meticais (não são quinhentos mil meticais, são mesmo quinhentos meticais). Como o semáforo mudou para verde (esse não estava avariado) arranquei imediatamente com o carro não fosse eu levar com o dinheiro na cara.
10º sapato: Você não quer ser o Padrinho?
Embora para estimular um jovem fora da cidade a praticar desporto seja necessário um pouco mais de quinhentos meticais que eu ofereci aquele aluno do semáforo para fazer a festa, às vezes também não é preciso muito. Um jogo de futebol de crianças num bairro suburbano pode ter como prémio um refresco e uma sandes para cada jogador. 22 jogadores receberão 22 refrescos. Contando com os suplentes, árbitros e treinadores, poderemos contabilizar 2 caixas de refresco (cerca de 300 mil meticais, aproximadamente 15 dólares). Adicionando as sandes, podemos duplicar esse valor, chegando aos 600 mil meticais, o que para muitos Senhores é uma quantia realmente irrisória.
Se nesse bairro houver por semana, pelo menos 1 Padrinho com capacidade para fazer essa oferta, não só em dinheiro como em presença, permitindo uma melhor organização e transmissão de valores correctos aos mais novos, então teremos todas as semanas os bairros suburbanos com os campos cheios de pessoas ocupadas a realizarem-se grandes desafios de futebol. Teremos os tais 22 ou mais indivíduos a praticarem uma actividade que os dignifica e que poderá traçar o seu destino no futuro.
Conclusão: Ao criarmos para os outros formas alternativas de sucesso positivo na sociedade, que não sejam apenas as tradicionais idas às escolas que muitas vezes levam ao fracasso os mais desfavorecidos, conduzimos a que no futuro hajam menos assaltantes, ninjas vendedores de droga ou más companhias para os nossos filhos ou netos.
Assim, para que possamos descalçar o décimo sapato sujo é necessário que, para além do tempo e dinheiro que dispendemos com os nossos filhos, saibamos também dar um pouco de tempo e dinheiro aos filhos dos outros, não sómente em bebedeiras, festas ou outras curtições, mas também em actividades que conduzam à sua real formação, tais como incentivando-os a ler mais, emprestando-lhes os livros que temos, a estarem melhor informados sobre o que se passa no mundo comentando as notícias dos jornais e TV, a questionarem mais a sua própria realidade antiga e actual, criando debates, levando-os a descobrirem outras formas de participação positiva na comunidade, etc.
Aparentemente parece dar muito trabalho mas depois descobre-se que quem corre com gosto não se cansa.
Que tal, pelo menos um dia do mês, sermos também nós a oferecer o dízimo, providenciando apoio e solidariedade material e moral aos que dele necessitam? Que tal assumirmos a responsabilidade de tornar as próximas gerações melhores do que as actuais? Que tal, você não aceita ser um dos Padrinhos do Futuro de Moçambique?
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