O SIDA em Moçambique
Há dias alguém comentava o texto sobre o ensino bilingue falando do horror que era a parte que se referia à necessidade de ir substituindo os professores mortos pelo SIDA.
O texto do Mia Couto, publicado no último número da revista MAIS, põe-nos, com clareza, perante os números desse horror:
OS NÚMEROS
Ninguém tem dúvidas: a SIDA é a grande rasteira não apenas ao desenvolvimento do nosso país mas à nossa própria sobrevivência. Nenhum governo, nenhum programa poloítico podem contornar esse obstáculo. Continuaremos perdendo o melhor das nossas vidas, continuaremos perdendo o mais produtivo dos nossos sectores etários. Prosseguiremos gastando milhões que poderiam ser investidos na produção directa de bem-estar e riqueza.
Tudo isto é sabido. Mas vale a pena recorder este cenário para falar do modo como tratamos com ligeireza os números ligados ao SIDA. Recentemente a imprensa puxou para assunto principal a referência a doentes que irão beneficiar de tratamento com anti-retrovirais. E anunciaram-se números. Este ano cerca de 50 000 doentes irão receber “tratamento”. Assim expresso, sem nenhuma relativização, parece uma vitória. Falei com trabalhadores da minha empresa e todos pareciam muito impressionados. Cinquenta mil é um valor de monta.
Ninguém duvida que se trata de uma vitória. Para uma nação pobre e mal preparada para enfrentar uma epidemia de tão grande dimensão não se pode esperar passes mágicos. Contudo aquele número só pode ser olhado no contexto de um universo total de pessoas atingidas pelo virus. E em Moçambique esse número anda à volta de um milhão e quinhentas mil pessoas! Quando se diz que trataremos 50 000 estamos a dizer que um milhão e quatrocentas e cinquenta mil pessoas não terão acesso ao tratamento. Colocado no devido contexto, o tom aparentemente grandioso dos títulos fica, de imediato, destronado. As mesmas contas se podem fazer sobre o número de mulheres grávidas beneficiando de prevenção da transmissão vertical. São cerca de 4 mil. A pergunta imediata sera: quantas dezenas de milhar não terão acesso ao tratamento?
A verdadeira notícia não seria respeitante aos que são cobertos pela capacidade de tartar. Mas antes aos que continuarão sem tratamento. O verdadeiro título, infelizmente, deveria dar conta do milhão e quatrocentos e cinquenta mil que ficam excluidos. O que coloca problemas de ética terríveis: como decider quem beneficia do programa?
O que se passou não é da responsabilidade do Ministério da Saúde. Lidas as comunicações dos seus responsáveis entende-se, desde logo, o tom cauteloso das declarações a a ausência de qualquer grande proclamação de vitória. Pelo contrário prevalece3 em todo o discurso a apreensão extrema, substanciada nas palavras do Ministro da Saúde: “é uma questão de sobrevivência da nação”.
Um assunto desta gravidade não pode ser tratado com ligeireza. Estamos a falar das vidas dos nossos compatriotas.
O texto do Mia Couto, publicado no último número da revista MAIS, põe-nos, com clareza, perante os números desse horror:
OS NÚMEROS
Ninguém tem dúvidas: a SIDA é a grande rasteira não apenas ao desenvolvimento do nosso país mas à nossa própria sobrevivência. Nenhum governo, nenhum programa poloítico podem contornar esse obstáculo. Continuaremos perdendo o melhor das nossas vidas, continuaremos perdendo o mais produtivo dos nossos sectores etários. Prosseguiremos gastando milhões que poderiam ser investidos na produção directa de bem-estar e riqueza.
Tudo isto é sabido. Mas vale a pena recorder este cenário para falar do modo como tratamos com ligeireza os números ligados ao SIDA. Recentemente a imprensa puxou para assunto principal a referência a doentes que irão beneficiar de tratamento com anti-retrovirais. E anunciaram-se números. Este ano cerca de 50 000 doentes irão receber “tratamento”. Assim expresso, sem nenhuma relativização, parece uma vitória. Falei com trabalhadores da minha empresa e todos pareciam muito impressionados. Cinquenta mil é um valor de monta.
Ninguém duvida que se trata de uma vitória. Para uma nação pobre e mal preparada para enfrentar uma epidemia de tão grande dimensão não se pode esperar passes mágicos. Contudo aquele número só pode ser olhado no contexto de um universo total de pessoas atingidas pelo virus. E em Moçambique esse número anda à volta de um milhão e quinhentas mil pessoas! Quando se diz que trataremos 50 000 estamos a dizer que um milhão e quatrocentas e cinquenta mil pessoas não terão acesso ao tratamento. Colocado no devido contexto, o tom aparentemente grandioso dos títulos fica, de imediato, destronado. As mesmas contas se podem fazer sobre o número de mulheres grávidas beneficiando de prevenção da transmissão vertical. São cerca de 4 mil. A pergunta imediata sera: quantas dezenas de milhar não terão acesso ao tratamento?
A verdadeira notícia não seria respeitante aos que são cobertos pela capacidade de tartar. Mas antes aos que continuarão sem tratamento. O verdadeiro título, infelizmente, deveria dar conta do milhão e quatrocentos e cinquenta mil que ficam excluidos. O que coloca problemas de ética terríveis: como decider quem beneficia do programa?
O que se passou não é da responsabilidade do Ministério da Saúde. Lidas as comunicações dos seus responsáveis entende-se, desde logo, o tom cauteloso das declarações a a ausência de qualquer grande proclamação de vitória. Pelo contrário prevalece3 em todo o discurso a apreensão extrema, substanciada nas palavras do Ministro da Saúde: “é uma questão de sobrevivência da nação”.
Um assunto desta gravidade não pode ser tratado com ligeireza. Estamos a falar das vidas dos nossos compatriotas.
8 Comments:
oi graça, é realmente SIDA/AIDS realmente deve ser tratado como uma questão de sobrevivência. Onde a prevenção é a única forma conhecida de não ser-se contaminado.
Não adianta esperarmos uma providência de governos, entidades, aliens, como a obra de Joseph Beuys - "La Rivoluzione Siamo Noi" - 1972. Somente nós, podemos fazer a diferença!
Abraços, voltarei aqui mais vezes ok.
Gostaria de convidar-te a visitar o site do projeto www.impossiveis.org pretende combater a letargia cultural de jovens de língua portuguesa, debatendo assuntos importantes sem ser careta ou demagógico, sendo um ponto de encontro de pessoas socialmente interessadas em gerar alguma transformação, seja real, virtual ou intelectual em ao menos um leitor. levantando questionamentos, transmutando-nos em panfletos, palestras e debates.
t+
By -~-, at 9:37 AM
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By Roberto Iza Valdés, at 8:20 AM
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By Roberto Iza Valdés, at 5:48 AM
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By Roberto Iza Valdés, at 9:39 AM
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By Roberto Iza Valdés, at 5:19 AM
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By Unknown, at 8:36 AM
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By Unknown, at 8:30 PM
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By Nu Amoorea, at 8:27 PM
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