Simbolos nacionais
Lá do Cairo o Abdul Manafi mandou a seguinte contribuição:
Reflexão em Torno da Mudança dos Símbolos Nacionais
Acabo de entrar na divisão de assuntos migratórios e registro da Universidade Americana de Cairo (AUC), instituição na qual a minha formação está sendo feita. A senhora que amavelmente me atende ouve a minha preocupação na perspectiva duma rápida resolução, eu queria renovar meu visto de residência. Quando apresentei o meu passaporte azul, ela reparou que os meus dados pessoais estavam escritos à mão, pelo que ela se surpreendeu e me questionou por aquela feudalidade e eu, meio espantado, lhe respondi que era algo que estava em processo de alteração e que o meu país era jovem demais para ter tido, primeiro, a preocupação de digitalizar em vez de proporcionar melhor condições de vida para os seus cidadãos. Todavia, a partir daquele momento comecei a pensar seriamente nesta questão e uma vozinha me disse dentro de mim que a mudança dos símbolos nacionais, entre outras coisas, iria resolver esta situação. Na verdade, o que pretendo é reflectir em torno da mudança da bandeira, que eu amo, e do escudo nacional, se benéfica ou não.
Primeiramente, soa-me a interessante lembrar um artigo do Almiro Santos, se a memória não estiver a trair-me, no “Savana” em que ele questionava o número de bandeiras que país tivera e ou vai ter em tão pouco tempo de história e, ainda, aludia alguns exemplos humorísticos para a nova bandeira numa clara metáfora de que o que mais preocupa não é a mudança da bandeira em sim, mas o resolver de problemas que apoquentam Moçambique, tais como a pobreza, a fome, a corrupção, o uso indevido dos bens do estado, etc. E esta perspectiva ficou reforçada quando vi o “Jornal Nacional” da TVM do dia 05 de Julho do ano corrente no qual um inquérito sobre o tema em título deste artigo foi conduzido. Para a minha surpresa, apenas uma (1) opinião foi a favor da mudança enquanto todas as outras iam ao encontro do Almiro Santos; desconheço se a TVM intencionalmente conduziu a campanha do “não” ou se foi obra do acaso, mas como em algum momento disse “é uma questão de interpretação.”
Sendo assim, a minha interpretação direcciona o meu pensamento a assumir como benéfico a mudança dos símbolos nacionais por vários motivos, alguns dos quais são:
Tornar Mais Nacional o Símbolo Nacional
Sabe-se que um dos grandes debates é o definir o que é verdadeiramente nacional e que possa aceite como tal por todos nacionais. Ora, a presente bandeira, embora linda e representativa, é assumida por alguns círculos como não sendo totalmente nacional e pouco representativa visto que o que a compõem serem manifestações dum momento histórico que levou alguns compatriotas ao “mato” para demonstrarem a sua insatisfação com o tal momento. Na verdade, na minha opinião, não faz sentido que um país que se assume pacífico tenha uma arma na sua bandeira ou que tenha uma enxada que faz lembrar “a aliança operário camponesa” que tão funestas consequências nos trouxe, os 16 anos de guerra civil são disso o melhor exemplo. E tudo isto está num fundo vermelho que faz recordar o comunismo que era o sistema político e económico que a Frelimo entendera ser o caminho para o desenvolvimento de Moçambique no pós-indepêndencia. Assim, não querendo questionar a beleza da mesma, esta bandeira está fora do contexto histórico, político e ideológico que Moçambique atravessa neste momento e o que eu espero que se possa convencionar uma outra que seja, acima de tudo, nacional; que não reflicta desejos, ensejos ou inclinações partidárias de alguns, mas que reflicta um Moçambique moderno, pacífico e tolerante. Se assim acontecer, veremos que ao lado das bandeiras dos paridos políticos nacionais essa nova bandeira vai lá estar, coisa que actualmente não acontece pelas razoes acima descritas.
Mudança da Moeda
Esta semana o “chapa-100” subiu para 7.500,oo MT por viagem o que significa que o custo de vida aumentou e esta subida tem um efeito multiplicador em toda a estrutura económica dum país, pois quando o custo de transporte aumenta, os bens transportados, os serviços prestados, etc., também aumentam o que anula o recente acréscimo do minguo salário mínimo. Chamo a atenção para o facto de eu não ser economista, contudo acredito ser uma consequência normal a mudança da moeda logo que os símbolos sejam alterados já que a moeda nacional também é um símbolo nacional, mas numa outra dimensão. Com isto, pode-se ter a coragem de diminuir os zeros que inflacionam a nossa economia e o exemplo Real do Brasil é bastante ilustrativo para mim. Todavia, essa nova moeda deve ser despersonificada já que líderes nacionais consensuais em Moçambique não abundem, daí que se poderia optar por trazer coisas outras que representem mais o país do que pessoas. Há edifícios, animais selvagens, árvores, frutas, etc.
Digitalização dos Documentos
Com a mudança dos símbolos nacionais, todos os documentos nacionais terão que ser alterados para passar a ostentar o novo escudo no seu cimo. Assim, pode aproveitar esta boleia para computarizar os dados pessoais nos passaportes, Bilhetes de Identidade, Cartas de Condução, etc., o que vai diminuir a vergonha que é ter que apresentar o seu passaporte nas controles alfandegários dos aeroportos e o funcionário em questão esfolar-se a procura do código de barras do mesmo ou a ter a dificuldade de ler os seus dados porque estão escritos à mão.
Enfim, acredito que haja mais benefícios na mudança dos símbolos nacionais e para aqueles que pensam que é gasto desnecessário de dinheiro, me parece que os mesmos pertencem ao grupo dos que são resistentes à mudança. Na verdade toda a mudança é onerosa e se quisermos construir um Moçambique novo, temos que começar a assumir que novos símbolos são necessários porque esses trarão, espero eu, sentido de pertença e aumento de patriotismo, algo que está, infelizmente, um tanto ou quanto desaparecido por estes dias.
Este é um convite à reflexão.
Abdul Manafi
Cairo, 06 de Julho de 05.
Reflexão em Torno da Mudança dos Símbolos Nacionais
Acabo de entrar na divisão de assuntos migratórios e registro da Universidade Americana de Cairo (AUC), instituição na qual a minha formação está sendo feita. A senhora que amavelmente me atende ouve a minha preocupação na perspectiva duma rápida resolução, eu queria renovar meu visto de residência. Quando apresentei o meu passaporte azul, ela reparou que os meus dados pessoais estavam escritos à mão, pelo que ela se surpreendeu e me questionou por aquela feudalidade e eu, meio espantado, lhe respondi que era algo que estava em processo de alteração e que o meu país era jovem demais para ter tido, primeiro, a preocupação de digitalizar em vez de proporcionar melhor condições de vida para os seus cidadãos. Todavia, a partir daquele momento comecei a pensar seriamente nesta questão e uma vozinha me disse dentro de mim que a mudança dos símbolos nacionais, entre outras coisas, iria resolver esta situação. Na verdade, o que pretendo é reflectir em torno da mudança da bandeira, que eu amo, e do escudo nacional, se benéfica ou não.
Primeiramente, soa-me a interessante lembrar um artigo do Almiro Santos, se a memória não estiver a trair-me, no “Savana” em que ele questionava o número de bandeiras que país tivera e ou vai ter em tão pouco tempo de história e, ainda, aludia alguns exemplos humorísticos para a nova bandeira numa clara metáfora de que o que mais preocupa não é a mudança da bandeira em sim, mas o resolver de problemas que apoquentam Moçambique, tais como a pobreza, a fome, a corrupção, o uso indevido dos bens do estado, etc. E esta perspectiva ficou reforçada quando vi o “Jornal Nacional” da TVM do dia 05 de Julho do ano corrente no qual um inquérito sobre o tema em título deste artigo foi conduzido. Para a minha surpresa, apenas uma (1) opinião foi a favor da mudança enquanto todas as outras iam ao encontro do Almiro Santos; desconheço se a TVM intencionalmente conduziu a campanha do “não” ou se foi obra do acaso, mas como em algum momento disse “é uma questão de interpretação.”
Sendo assim, a minha interpretação direcciona o meu pensamento a assumir como benéfico a mudança dos símbolos nacionais por vários motivos, alguns dos quais são:
Tornar Mais Nacional o Símbolo Nacional
Sabe-se que um dos grandes debates é o definir o que é verdadeiramente nacional e que possa aceite como tal por todos nacionais. Ora, a presente bandeira, embora linda e representativa, é assumida por alguns círculos como não sendo totalmente nacional e pouco representativa visto que o que a compõem serem manifestações dum momento histórico que levou alguns compatriotas ao “mato” para demonstrarem a sua insatisfação com o tal momento. Na verdade, na minha opinião, não faz sentido que um país que se assume pacífico tenha uma arma na sua bandeira ou que tenha uma enxada que faz lembrar “a aliança operário camponesa” que tão funestas consequências nos trouxe, os 16 anos de guerra civil são disso o melhor exemplo. E tudo isto está num fundo vermelho que faz recordar o comunismo que era o sistema político e económico que a Frelimo entendera ser o caminho para o desenvolvimento de Moçambique no pós-indepêndencia. Assim, não querendo questionar a beleza da mesma, esta bandeira está fora do contexto histórico, político e ideológico que Moçambique atravessa neste momento e o que eu espero que se possa convencionar uma outra que seja, acima de tudo, nacional; que não reflicta desejos, ensejos ou inclinações partidárias de alguns, mas que reflicta um Moçambique moderno, pacífico e tolerante. Se assim acontecer, veremos que ao lado das bandeiras dos paridos políticos nacionais essa nova bandeira vai lá estar, coisa que actualmente não acontece pelas razoes acima descritas.
Mudança da Moeda
Esta semana o “chapa-100” subiu para 7.500,oo MT por viagem o que significa que o custo de vida aumentou e esta subida tem um efeito multiplicador em toda a estrutura económica dum país, pois quando o custo de transporte aumenta, os bens transportados, os serviços prestados, etc., também aumentam o que anula o recente acréscimo do minguo salário mínimo. Chamo a atenção para o facto de eu não ser economista, contudo acredito ser uma consequência normal a mudança da moeda logo que os símbolos sejam alterados já que a moeda nacional também é um símbolo nacional, mas numa outra dimensão. Com isto, pode-se ter a coragem de diminuir os zeros que inflacionam a nossa economia e o exemplo Real do Brasil é bastante ilustrativo para mim. Todavia, essa nova moeda deve ser despersonificada já que líderes nacionais consensuais em Moçambique não abundem, daí que se poderia optar por trazer coisas outras que representem mais o país do que pessoas. Há edifícios, animais selvagens, árvores, frutas, etc.
Digitalização dos Documentos
Com a mudança dos símbolos nacionais, todos os documentos nacionais terão que ser alterados para passar a ostentar o novo escudo no seu cimo. Assim, pode aproveitar esta boleia para computarizar os dados pessoais nos passaportes, Bilhetes de Identidade, Cartas de Condução, etc., o que vai diminuir a vergonha que é ter que apresentar o seu passaporte nas controles alfandegários dos aeroportos e o funcionário em questão esfolar-se a procura do código de barras do mesmo ou a ter a dificuldade de ler os seus dados porque estão escritos à mão.
Enfim, acredito que haja mais benefícios na mudança dos símbolos nacionais e para aqueles que pensam que é gasto desnecessário de dinheiro, me parece que os mesmos pertencem ao grupo dos que são resistentes à mudança. Na verdade toda a mudança é onerosa e se quisermos construir um Moçambique novo, temos que começar a assumir que novos símbolos são necessários porque esses trarão, espero eu, sentido de pertença e aumento de patriotismo, algo que está, infelizmente, um tanto ou quanto desaparecido por estes dias.
Este é um convite à reflexão.
Abdul Manafi
Cairo, 06 de Julho de 05.
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